segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

A utopia do ser feliz no agora

 Somos como animais que foram domesticados!

Um animal domesticado parou de caçar, pois facilmente tem o alimento e a água de que precisa para sobreviver. E nós humanos, com toda a dopamina efêmera e acessível que nos é constantemente ofertada, paramos de nos despertar para o ambiente, descobertas e autodescobertas que nós, o ambiente e a vida temos reservados.

Quando paro para observar, vejo que vivi a vida inteira adiando minha felicidade. Lembro de como sempre fui tão sonhadora e imaginativa. E me lembro também sobre minha habilidade de jogar tudo para o futuro, pois enquanto houver amanhã, haverá esperança de ser feliz de verdade.

-Arruma suas gavetas e seu quarto menina_ dizia minha mãe persistentemente.

-Quando eu tiver um quarto bonito e só meu, será sempre arrumadinho_era minha resposta 

Mas como esta mulher sábia, que é minha mãe, sempre me disse sobre ser feliz no agora. Isso faz mais de 10 anos. 

No fundo, não culpo uma criança que sofreu agressões e abusos psicológicos de depositar a felicidade no futuro, mas felizmente não sou mais esta criança, embora tenho que consciente e constantemente fazer o esforço de lembrar da frase que minha mãe sempre me disse: "Se não for feliz no pouco, não será feliz no muito. Seja feliz e grata hoje".

Até semanas atrás eu ainda postergava minha felicidade. Desta vez para um futuro menos distante e mais previsível, a temida por muitos e amada por mim Segunda-Feira. Se eu trabalhasse arduamente no fim da semana eu conseguiria ter tudo o que eu queria e me fazia bem. Sabe o que é engraçado? Eu descobri que são coisas bobas e acessíveis, o que me convenceu a passar a tentar diluí-las para o máximo de dias na semana que eu pudesse, porque a felicidade não é uma questão de grandes esforços para talvez, quem sabe um dia e se tudo acontecer como perfeitamente calculado.

Ta, eu mato sua curiosidade, querido leitor, que por sinal, acho que eu nunca deveria ter parado de escrever. Já são bem mais de 10 anos e essa é, sem dúvidas, das coisas que eu mais amo fazer, e que sim, faço de graça. 

Um dia perfeito na perspectiva de meu eu atual: É acordar cedo (não como uma autocobrança, mas porque dormi cedo no dia anterior e meu corpo sentiu que já era hora, sem despertador- "um privilégio"), fazer uma corrida matinal por um parque lindo que tem próximo à minha casa, refletir e agradecer um pouco enquanto observo os patos no laguinho, ir ao mercado comprar 1 croassant simples rs, sim, e comer o mesmo com um café (mais leite que café) num grande copo de vidro. É tomar um banho com meus shampoos kerastase e fazer disso o spa de meu dia, regar minhas plantas. Eu arrumo as coisas não por cobrança ou obrigação, mas porque é gostoso estar em um ambiente que me acolhe. Posso ouvir música, ouvir pessoas sensatas e que me ensinam muito(youtube). Posso até trabalhar um pouco, e que tal fecharmos o dia com um jantar naquele restaurante top que descobrimos recentemente e que, pasmem, faz uma salada deliciosa, e não, eu não estou de dieta. Eu durmo porque já vivi o que gostaria neste dia, e adormeço e descanso tão facilmente porque nada invade meus pensamentos.

Estamos tão moldados a crenças: de merecimento, de trabalho árduo, de sucesso, de que a felicidade está em coisas, posses e sempre no futuro. Mas já parou para pensar que, tirando casos extremos, muitas vezes já temos tudo que precisamos para sermos felizes e gratos? Só falta de fato sermos.

Como é difícil desvencilhar, mas felizmente possível, e se fizermos gradativamente o esforço de nos permitirmos a felicidade no hoje vemos a leveza e sentido que nossa vida ganha por puramente estarmos finalmente vivendo o agora de verdade.


Saudades,

Uma Heliofóbica não tão mais heliofóbica assim, porque percebeu que a luz do sol pode ser muitas vezes tudo que precisamos para alegrar nosso dia depois de sucessivos dias de chuva.

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