quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Os bois

Eram como bois viajantes, que balançavam conforme o movimento do mar. Ou seria rio?


Alguns murmuravam, outros alardeavam com seus aparelhos. Mas todos ensimesmados, ainda que esmagados por presenças tão próximas, e tão distantes.

Ao mínimo sinal, todos levantam-se e esperam perante a porta, agora aberta. A brisa balançava os cabelos maiores.
Alguns inquietos, outros, ainda sonolentos. todos, distraídos. Cambaleantes, alguns apressavam-se para também estar perto da porta, espreitando a temporária liberdade, se é que alguém é mesmo livre. E assim, distraiam-se em seus aparelhos, novamente. 

Com a sirene, a rampa desce e todos entendem o sinal: Estava na hora.
Alguns correm, outros são levados. Todos muito apressados nesse momento. Alguns tomam as ruas, outros as escadas , ainda aqueles que correm nas escadas rolantes. E correm, pois ainda era o início de um ciclo que parecia perpétuo. Infelizmente o era para alguns. 

E novamente parados em seus aparelhos. Distanciam os olhos por um segundo para espreitar a placa, que avisava quantos minutos faltavam. E novamente aqueles que corriam, pois também queriam estar ali, ainda que de fato não o quisessem.

Abre a porta e todos correm. É incrível como ela protagonizava as manhãs. Novamente esmagados ,balançavam com os arranques. 

E desciam, e corriam e queriam estar ali. Ainda que ninguém quisesse.
E desciam e corriam, pois ainda estavam atrasados. E chegavam, torcendo para que logo pudessem voltar para casa, descansar, pois no outro dia era tudo outra vez.

#UmaHeliofóbica


sábado, 26 de junho de 2021

Por que é importante revisitar?

 Oi gente,

Como tem tempo que eu não venho aqui (estava pensando)!!..E logo me veio a ideia de falar algo sobre isso. De cara já percebo que mesmo tendo parado de escrever há algum tempo, tanto aqui no blog quanto em meus cadernos, ainda existe alguma fagulha dentro de mim. Pois o tema veio de cara, como nos velhos tempos.

Lembro certa vez, quando minha mãe falou para mim, quando eu estava passando por momentos difíceis, sobre a necessidade de voltar no passado e entender a origem das coisas que geraram determinados desfechos. Essa é, com certeza, a memória mais imediata que me vem quando penso sobre isso. A outra talvez seja coletiva, quando falamos que devemos dar um passo atrás para alcançarmos dois para frente posteriormente. E de certa forma, ambas as perspectivas se conectam, pois nos mostram como a linha do tempo é completamente fundida, e como tudo faz sentido quando avaliamos as coisas para além do exato momento que observamos. Falo sobre contextos, sobre padrões de pensamentos e níveis de consciência, principalmente. Falo sobre o fato de em determinada época não termos a "capacidade" de irmos um pouco mais além ou simplesmente pular a fase do jogo porque precisamos vivenciar coisas que só depois conseguimos ser capazes de entender.

Revisitar não é se limitar, não é aceitar meramente ou pensar que as coisas estão iguais ao que foram no momento em que você vivenciou aquele momento ou espaço. É exatamente isso! Nada é o mesmo porque a vida simplesmente flui e nós, como vida e objetos da mesma, fluimos juntamente queiramos ou não.

É muito bizarro!! Já parou para pensar?

Aquele primo que você passou a infância e faziam tudo juntos...de repente talvez não há mais aquela conexão.

Ou quando temos uma memória afetiva sobre algo. Algum alimento ou lugar..E quando decidimos revisitar...Simplesmente não, cara kkkk.

Mas as revisitações podem ser surpreendentes positivamente também. As vezes algumas coisas nos tocavam de forma a nos entristecer, hoje são uvas passas kkkkk...Você simplesmente as come e..ta..não te causam nada. 

Tudo bem, foi uma péssima analogia..até porque as passas são muito polêmicas. Mas não consegui pensar em outra coisa.

O que quero dizer é que revisitar é tão essencial. Não como forma de viver no passado. Não, não faça isso. Por anos eu vivi lá, e nos piores momentos. A vida segue. 

Mas revisite algumas memórias pontuais sempre que julgar necessário, pois assim você consegue perceber o quão evoluiu. E evoluir é mudar...Não necessariamente de forma positiva, mas espero muito que sim.

Você se dá conta do porque de certas coisas ou encontra explicações para algumas coisas que você sempre se questionou. Coisas algumas que são importantes para seu processo de progresso como ser humano.

E talvez por isso vim revisitar. Talvez pra perceber se ainda sei fazer isso, a que chamamos escrever..sobre o primeiro assunto que me viesse a mente..simplesmente pra me testar e ver no que dá. 

Re-visitar

Re-vise

Re-visar

Revisitar

#UmaHeliofóbica


domingo, 8 de setembro de 2019

SOBRE ÀS sempre VEZES


Às vezes nosso maior erro é acreditar piamente que o outro é capaz de nos oferecer tudo aquilo que esperamos.

Às vezes somos tão rígidos e inflexíveis, não por assim sermos, mas sem nos darmos conta de que os caminhos podem fazer curvas e chegar a um mesmo lugar.

Às vezes esperamos que o externo saiba nossas necessidades, sinta como a gente. Mas o externo é outro. O externo não somos nós. O externo tem suas necessidades que também espera serem supridas e que possivelmente ou não, sendo tal externo um ponto fora da curva, note que não podemos despejar nossas expectativas nos ombros alheios.

E Às vezes nós só damos de ombros para as infinitas possibilidades, ignoramo-as. Às vezes esquecemos que não se lê pensamentos e o processo para que algo próximo aconteça é longo e exige esforços, tempo e dedicação.

Achamos, por vezes, que o outro, leitor de mentes e detentor de todas as habilidades, sabe e fará exatamente aquilo que precisamos. Mas sabe, esquecemos que o outro é apenas o outro e nem sempre será capaz de nos oferecer aquilo que queremos, pois muitas vezes o que queremos ele não tem.

E quando falo em ser o outro incapaz não sinta como algo pesado, como se agora estivesse eu culpabilizando o externo, como muito gostamos de fazer. Digo apenas que as pessoas são distintas e é isso que torna a vida muito mais interessante. Digo apenas que há outras formas, há infindas possibilidades. Há um mundo no mundo. Um mundo nas pessoas, e ninguém nunca nos iludiu afirmando que nos relacionarmos é a coisa mais prática. Mas é essencial e pode ser incrivelmente satisfatório desde que saibamos como fazer. 

Não, não busque um manual. Nem tudo que precisamos podemos encontrar em livros. Nem tudo que precisamos temos que buscar nos livros. Às vezes é tudo questão de feeling e empatia. De sabedoria e maturidade. Coisas que adquirimos com o tempo e se assim for, já tenha como algo esplendoroso, pois nem todos atingem mesmo com o passar dos anos.

Esse ano iniciei um novo curso na faculdade e, na verdade, estou finalizando meu primeiro período agora. Tenho uma turma incrível e com pessoas tão diferentes, mas tão especiais.
Estava pensando por esses dias como são engraçadas essas coisas. Fulana é tão objetiva e Às vezes, alguém tão sensível quanto eu, pode encarar o que ela fala como grosseria, porque a maioria está acostumada a fazer rodeios. Mas ela é ao mesmo tempo tão fofa e prestativa. Outra que é séria e que quer ser levada a sério, mas que quando sorri, mostra que não temos somente um lado. Um rapaz que também é sério, fechado no grupo, mas que também se mostrou muito prestativo essa última semana mandando um site que poderia nos ajudar a estudar para a prova. E ao receber um obrigada com um emoji fofo e outros obrigadas, ele não respondeu: De nada emoji fofo como talvez eu esperasse, mas um: tamo juntos ou algo do tipo. E cara, foi aí que eu tive esse feeling. E não troco essa turma por 48 Adrianns. Talvez em algum momento eu não suportasse isso.

Tudo bem a diferença. Tudo bem desde que saibamos que é um caminho à frustração viver imaginando que o externo sabe o que acontece no nosso interior. Pois se assim o fosse, o caos estaria instalado.

-Ahh (suspiros) Quem dera ser tudo tão mais esclarecido, tão mais fácil _Pensava Elizabeth.

Mas seria mesmo ou encontraríamos um jeito de nos perder?
E é por tal que me vejo tantas vezes confusa, perdida, tão sem saber o que fazer.
O que é certo ou errado? O que ta dentro da normalidade?
 Mas existe mesmo uma normalidade?
 As pessoas não tÊm manual
A vida não vem com um roteiro
Mas o que há de errado com isso?

#UmaHeliofóbica

domingo, 30 de junho de 2019

Diáfano

Hoje o dia se pôs opaco.
Opaco porque chovia e eu não via o transparecer que fazia transparecer meu sorrir.
Mas quem dera a opacidade fosse mera casualidade de um dia chuvoso
Quem dera se levasse como foco uma vida de transparência, luminescência,claridade.

Sabe, sempre fui muito direta, objetiva, determinada. Acho que é uma das poucas coisas que não transmudei em todos esses anos e me orgulho demasiadamente disso.

Sempre me elogiaram a sinceridade, a verdade, a honestidade..ou se puseram incrédulos por vir alguém tão "certinho", por mais que eu não acredite ser esse o melhor rótulo para me pôr.

E por essas voltas da vida, em todas elas fui muito ávida pela luz, pois achava que tão somente ela seria capaz de me guiar e levar ao caminho certo rumo a objetivos que nem sabia eu tantas vezes quais eram ou as consequências de alcançá-los.

Por essas voltas sempre me enganei com a inverdade posta por mim mesma de que respostas e claridade eram absolutamente positivas e necessárias para que tudo desse certo no final.

E de então, peguei-me me apegando a paradigmas que sem eles seria eu uma pessoa frustrada. Frustrei-me.
De então, punha-me triste ao não ter respostas aos meus questionamentos. pude, de tal modo, encarar a escuridão sem nada poder fazer além de buscar meios de me resolver sozinha, sem a tal da "imprescindível" luz.

Luz que se mostrou prescindível.
Como se pode tÊ-la como essencial e inegociável?
Como pude ofertar a ela patamar o qual não merecia?

Muito se teoriza acerca de bem e mal. E o escuro é sempre as trevas. Foi então nas trevas que me transformei em minha melhor versão. Pois a dificuldade está na luz ou na sombra, mas nesta, não temos a impressão de que estamos acompanhados e que tudo ficará bem, dando ar de comodismo e nos fazendo estagnar. Ela nos obriga a nos movermos se quisermos tais respostas, sem sequer saber se teremos , quais serão ou quando virão.

Pois a resposta não está na luz. Nunca veio dela
A resposta está nas incansáveis batidas que damos no escuro até que aprendamos a ser luz e transcender.

Hoje fui feliz e sou feliz. Pois tudo que me faz sorrir foi fruto de muita tentativa e erro. De muitos banhos salgados. De muitos abatimentos e vontades de desistir.
E sem tudo isso, como poderia eu valorizar cada detalhe que deixa transparecer minha luz?

Hoje sou vida, ainda direta e objetiva sobre minhas vontades e afins, mas sem me prender a certezas as quais não existem. As quais sempre busquei e que me faziam privar-me de viver, de me entregar, de ser feliz, de acreditar que as coisas podem dar certo, mesmo sem saber o dia de amanhã.

Hoje me coloco imersa na dúvida e me delicio com cada coisa incrível que ela pode me proporcionar.
E se não? Não
Se sim? Sim
Mas desde que sempre inteira e sem "se eu tivesses..."

Deixo que meu olhar transpareça quem sou e o que quero, e que meu sorriso revele o que meu interior não diz. Pois nem tudo precisa ser dito, e ainda assim...Diáfano.
Se quer, seja. Diáfano

Pois a opacidade aqui reflete e diz muito mais do que julgamos estar claro, e dá espaço para que sejamos cada dia mais diáfanos.



sábado, 11 de agosto de 2018

Inebrio

Desde que conheci a palavra êxtase, sempre a guardei com um certo carinho no rol das favoritas. Muito embora não dê nome ao texto, ela pode ser considerada, como bem diz o dicionário, o sinônimo de inebrio. Tão suprema quanto.

**A propósito, não julgue incoerente o parágrafo anterior. Deduzo que já deve ser de comum saber que sou a pessoa mais confusa que pode haver, e, talvez isso não seja o que há de pior.

Como dizia, sublime. Pois talvez tal vocábulo mereça esse posto dada a escassez de circunstâncias que nos provoquem a evasão de nós mesmos a algo transcendental. 

Meu caro leitor, sinto-me hoje um pouco mais sensível que os outros dias, então pensei que seria útil dar-te um olá com algumas palavras que emergem de meu âmago. Como tem sido raro o treino, o qual uma boa escrita demanda, espero que, ainda assim, seja capaz de transcrever algumas coisas tocantes.

Diz-me, há algo que te ponha inebriado? 

É tão insano pensar acerca disso, uma vez que nos dá a impressão de apatia, haja vista não sermos mais tocados tão facilmente ou, minimamente, prova-nos o quanto há menos coisas de fato valorosas para nós.

O que te deixa em êxtase? Já parou para pensar?
Aquela comida, carro, passeio? Aquela pessoa, lugar, imagem? Aquela música, aquelas sensações inexplicáveis, aquele maravilhoso sentimento de vida?

Inebriar é nos inquietar, é acordar o que outrora há tanto dormia com tamanha profundidade que pensavamos estar morto dentro de nós. Freud chamaria isso de recalque ou é engano meu?

Há tanto não sorriamos de tal forma e nos afetavamos com outras presenças. 

O acomodar-se nos impede de inebriar, impede-nos de vir o que há ao nosso entorno, impede de sorrir com maior plenitude.

Mas é essa uma palavra tão complexa, tão, de certo modo, traiçoeira. O que vem após o êxtase?
O que vem após a explosão de toda pura alegria que estava acorrentada? Há cansaço? há desespero? Há mais inebriar?
Epicuro, possivelmente, repreender-nos-ía ou somente a mim, pela apologia ao inebrio, mas em uma época de valores tão difusos e questionáveis, penso que até ele mudaria sua filosofia.

Há sempre luz, mesmo nas noites mais escuras
E sempre há felicidade à espera de nosso regozijo. No entanto, somos progressivamente tão mais cristalizados pelo espírito de nosso tempo, que acabamos por desaperceber tudo que de melhor nos é proporcionado rotineiramente.

Rotineiramente, pois a vida, mesmo daqueles que muito fogem, é uma rotina. E rotina não precisa ser um termo depreciativo e ínfimo do que, de fato, é a nossa vida. Ele não precisa nos causar repulsa ou tédio só em sua pronúncia. Induzindo-nos a pensar que é somente na fuga à rotina que a felicidade se faz presente. Pensar assim é não somente sabotar-se, mas fechar os olhos para a felicidade. Uma vez que a felicidade não vem a nós, somos nós quem vamos até ela.

Sim, é verdade. Pensa bem, suponha que nos guardemos durante todos os dias ditos úteis para que no sábado ou domingo possamos fazer algo de que gostemos, como: ir à praia ou cinema ou parque...E vamos dispostos a dar o nosso suor para que fiquemos inebriados. Enquanto isso, passam-se segundas e terças e quartas e quintas..e com eles as felicidades guardadas para cada dia, não aproveitada ou, caso sim, não em sua plenitude. Haja vista compor nossa rotina,sendo, portanto, "algo menor", talvez pensemos.

Por que não se inebriar com um sorriso de um estranho ou de uma pessoa no coletivo cuja história lhe tocou e você acabou dando suas moedas da água de coco e recebendo um sorriso de agradecimento?
Por que sintetizar, simplificar coisas e pessoas e acontecimentos tão significativos à espera de algo que se julga muito maior e que, talvez, não possa, no fim das contas, ser tão superior à soma ou individualidade de cada uma dessas felicidades?

Inebrie-me_Peço à vida. _Deixe-me em desalinho quanto a esse agir socialmente aceito e naturalizado. A vida é tão mais, mas somos sugados por nossos arredores.
-Palavras_eu digo. _Palavras.
Pois são elas tão ricas  e poderosas. São elas tão impactantes e provocativas de emoções outrora desprestigiadas. São elas capazes de nos fazer notar o quão estamos sendo tolos.

-Hoje foi um excelente dia_E, de repente, a felicidade sente-se reconhecida a ponto de nos trazer mais desses. -obrigada_agradeça

Agradeça, pois é tão difícil o despertar, que somos levados a acreditar que só há transcendentalidade no que está além de nosso dia a dia. Note e aproveite. Haja vista ser tudo muito efêmero e se não dignarmos nosso melhor a reconhecer e desfrutar, perderemos a sensibilidade para inebriar.

#UmaHeliofóbica




domingo, 10 de junho de 2018

Felicite-se com o brilhar do sol para outrem

Não faz muito minha mente deitar elogios ao tão aclamado sol.
Ele que é o dono, segundo muitos, dos dias mais lindos e enérgicos, e que, incontestavelmente permite a vida em terra, faz parte de todos os nossos dias.

O sol que brilha com diferentes intensidades para diferentes pessoas em distintos momentos
Sol esse que me faz sorrir mesmo em sua intensa presença quando ele, metaforicamente, brilha para mim.

Mas olha lá... E a alegria era observada tão atentamente por todos aqueles olhares que não participavam dela. Mas será que não poderiamos ou  seriamos capazes de nos comprazer com o tão mais que contentamento daqueles que viram o dia brilhar em noite chuvosa?

Para você vir, meu caro leitor, a falácia daqueles que nomeiam  feios ou tristes aqueles dias de chuva. Era esse o mais belo na vida de cada um daqueles rostos
Diría eu, então, que é, portanto, uma difamação à esplendorosa majestade.
Ora, não posso, eu, nomear a chuva assim? Claro que posso. Está enquadrado como um direito, "Liberdade de expressão".

Eles sorriam incontidos. Alguns , acredito eu, já deveriam ter chorado anteriormente.
Anteriormente naquele mesmo dia, só que de alegria.
E anteriormente em outros dias, no desesperador percurso da empreitada.
Mas hoje era tão mais que felicidade.
Tão mais porque felicidade é algo tão relativo e grandioso, mas parece ínfimo demais para traduzir o semblante daqueles garotos.
Garotos que tão jovens pareciam terem ali alçado tudo, e nós, do outro lado da pocilga formada por finos fios acumulados de chuva, prestigiavamos apenas. Assistiamos como desinteressados ou empáticos àquele espetáculo concedido.
Alguns com estima de ser um deles, outros, imaginando seu sol brilhar e ainda os que adentraram e comemoraram a nova vida que o outro passaria a ter. Mas nenhum indiferente.

E isso é interessante perceber.
É interessante porque é inerente ao ser humano o sentir (salvo casos seletos)
E quando me refiro ao sentir não restrinjo as formas como serão sentidas as diversas experiências.
Sentir bem ou mal, sentir-se bem ou mal. Então, porque não se aprazer mesmo quando algo benéfico  atinge a outrem?

Conte-nos mais acerca daquele festival de sorrisos_Vocês devem pensar.

Pois bem...não durara tanto até que os meninos se foram dali, mas e quem disse que o júbilo tem de ser eterno para ser bom?
Isso me soa mais como desesperador. É como se dissessemos: Vamos, por favor, não se vá, pois pobre sou que nunca presenciei alegrias similares ou jamais me acometerá tamanha transcendentalidade outra vez.
A intensidade era severamente gratificante, mesmo do lado daqueles que apenas vislumbravam seu momento.
Era uma energia que ecoava e que falava por si só, haja vista as palavras, apesar de serem minhas melhores amigas, atuarem de forma vã em alguns momentos, tais como esse.

Feliz era aquele, mal sabia, não somente que presenciava o lado incontido e sublime daquela noite, mas os capazes de comprazer-se com o diáfano brilho do sol para aquelas faces rubras e mistas.
Feliz porque inteligência e maturidade é, também, ser feliz com e por outrem, sabendo aguardar o seu momento, sem ser tomado pela pressa, sem se sentir menos por ainda não ser sua vez.

Acalme-se. Pois é tudo tão calmo até que a intensidade chegue, e isso nada mais é que um tempo necessário que te prepara para a expansividade das emoções.
Chegará o momento em que estarei do outro lado e espero que, chegado ele, saibam outros, assim como eu, vir brilhar o sol para mim e esperar que ele também chegue para eles.

#UmaHeliofóbica




sexta-feira, 13 de abril de 2018

Esse texto não precisa de um título

Era mais uma sexta e Lisa já não lembrava dos tempos em que esse fora seu dia predileto na semana. Na verdade isso foi há longínquos anos, quando ainda uma imatura menina do ensino médio.
Mas agora já não era mais a mesma, uma vez que o universo é um constante fluxo, e pudera ela levantar as mãos aos céus e pôr-se grata por tal máxima ser verídica. Mas até que ponto?
Lisa pensava, em alguns momentos, acerca do que era em terra e o que perseguia.
Pensava sobre como já fora tão mais persistente, contumaz, determinada...Teria o universo roubado a velha Lisa inclusive em suas poucas, mas incontestáveis excepcionais virtudes?
É tão raro encontrar pessoas tais como Lisa era quanto a esses pontos listados.
Lisa tinha um foco que a cegava, conseguia tudo que era possível de se obter, desde que fosse de sua estima. E agora estava ela, tão sem vida quanto folhas mortas, desejosa apenas por recuperar o ânimo que outrora tivera para coisas não tão promissoras.
Seria essa uma consequência de se amadurecer? Isto é, dar causas como vencidas? contaminar-se pela extrema descrença das outras pessoas e não ser muito mais que um prestigiador daqueles que não foram vencidos pelo fluxo do universo?
Que, por acaso, convém falar que não se mostra tão positivo se pensarmos por essa perspectiva

Anda Lisa, o tempo voa, o tempo flui
Alguém ajuda essa menina, menina que há pouco era tão autossuficiente e mesmo que sentimentalmente frágil, facilmente quebrantável, era ferrenha e guerreira em todos os outros aspectos que não envolvessem o coração.
E agora é tudo o que importa a ela, esse resto.Mas a maturidade não parece por completo benéfica. 
Lisa não queria jamais ser intoxicada por frustrações alheias, mas é tão vulnerável, sempre acreditou em energias e por mais que faça de tudo, aliás, isso é algo que devemos reconhecer "Lisa permanece persistente", sempre se fragiliza por algo que a puxa para baixo. Não seria essa força a gravidade, uma vez que a mesma sempre esteve presente em sua rotina anterior.

Compreensão._Talvez seja essa a palavra, mas poderia o tempo esperar até que ela compreendesse e buscasse uma solução para si mesma? Jamais!
Do contrário, ele passa e nunca passou tão rápido. Ela persiste numa constante e árdua, fervorosa, persistente, determinada perseguição de algo decisório.
Pensando assim, talvez seja tudo questão de perspectiva. Talvez esse lado benéfico de nossa Lisa não tenha se perdido no fluxo, muito provavelmente ela só esta, desta vez, em busca de algo de dimensão tão superior a suas anteriores metas, e por isso pensa estar tudo complicando-se mais, dizendo a si mesma não deter mais as que julga: "poucas características das quais muito me orgulho".
Persiste Lisa, mantenha-se firme.
É engraçado como ela nunca precisou que lhe dissessem isso, nem ela mesma. Mas hoje, a todo instante diz a si em alto tom ou em sussurros, nas ruas ou nos coletivos:"Você consegue!", mas baixinho, em seu ínfimo, uma descrença alimentada por condições externas à nossa pequena Lisa.

Como desintoxicar-se? Como cegar-se diante de tudo aquilo que só nos põe para baixo e nos faz pensarmos que talvez não sejamos tão capazes quanto imaginavamos?
"Give-me a answer!"_pede com seu frágio inglês, que abandonou há alguns meses a fim de se dedicar a outra meta.
Tenha foco, seja individualista(nem sempre isso é negativo), vislumbre-se em seu mais latente desejo. Você consegue pequena Elizabeth. 
É ainda jovem, não fora por completo tomada pelas mazelas das quais padecem tantos aqueles que se acomodaram e se permitiram ser plenos na condição da maturidade. Seja, com prudência, aquilo que fora em seu melhor, pense no porque da nova meta e traje-se com tudo aquilo que você mais admira em si e que sempre te fez chegar aonde desejou, perspicácia.

#UmaHeliofóbica