quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Os bois

Eram como bois viajantes, que balançavam conforme o movimento do mar. Ou seria rio?


Alguns murmuravam, outros alardeavam com seus aparelhos. Mas todos ensimesmados, ainda que esmagados por presenças tão próximas, e tão distantes.

Ao mínimo sinal, todos levantam-se e esperam perante a porta, agora aberta. A brisa balançava os cabelos maiores.
Alguns inquietos, outros, ainda sonolentos. todos, distraídos. Cambaleantes, alguns apressavam-se para também estar perto da porta, espreitando a temporária liberdade, se é que alguém é mesmo livre. E assim, distraiam-se em seus aparelhos, novamente. 

Com a sirene, a rampa desce e todos entendem o sinal: Estava na hora.
Alguns correm, outros são levados. Todos muito apressados nesse momento. Alguns tomam as ruas, outros as escadas , ainda aqueles que correm nas escadas rolantes. E correm, pois ainda era o início de um ciclo que parecia perpétuo. Infelizmente o era para alguns. 

E novamente parados em seus aparelhos. Distanciam os olhos por um segundo para espreitar a placa, que avisava quantos minutos faltavam. E novamente aqueles que corriam, pois também queriam estar ali, ainda que de fato não o quisessem.

Abre a porta e todos correm. É incrível como ela protagonizava as manhãs. Novamente esmagados ,balançavam com os arranques. 

E desciam, e corriam e queriam estar ali. Ainda que ninguém quisesse.
E desciam e corriam, pois ainda estavam atrasados. E chegavam, torcendo para que logo pudessem voltar para casa, descansar, pois no outro dia era tudo outra vez.

#UmaHeliofóbica