quinta-feira, 3 de novembro de 2016

O ingrediente para o sucesso

Nas telenovelas, são oferecidos ao público, por trás de uma forma de diversão barata, estereótipos que muitas vezes definem a forma de muitas famílias verem a realidade.
Procuram, essas mídias, a todo custo, pôr nas mentes das pessoas: Seu filho é rebelde ou A razão do atrito entre vocês é a falta de dinheiro ou ainda em outros contextos, agora sendo a família abastada, ele só está interessado nos bens que recebe e na futura herança.
Não estou a falar que não existam casos assim na realidade. Em contrapartida, digo que são uma minoria e a frase que exime as novelas da culpa: "Esse programa não tem relação com a realidade" (algo assim, corrijam-se se estiver errada), querendo ao mesmo tempo empurrar aspectos de tal tipo em cada "lançamento", praticamente idêntico ao anterior, só demonstram o quão desprezíveis são, pois sabem a força sob a maior parcela e se apropriam disso.
Quero falar que essa falácia não é a razão para maus relacionamentos entre pais e filhos. E parem pais de acharem que o que estão a fazerem de errado é não terem dinheiro para comprar o novo I-PHONE.
Se olharmos com afinco as histórias das pessoas e no que se tornaram, perceberemos que a carência não é de bens materiais, tampouco que se faz correta a denominação de adolescentes como: Criaturas que gostam de quebrar o sistema e se revoltarem".
Estamos diante de um problema que passa imperceptível. Visto que vivemos em uma sociedade materialista , e sendo tal questão impalpável, não se é possível para muitos mensurá-la e compreendê-la. Colocando, então, a culpa das frustrações nas não aquisições, bem como os sucessos e felicidade em compras.
Então o que falta?
_Amor, meu caro leitor.
Eu sei que não sou a pessoa correta para falar sobre tal, mas juro-te que não irei me aprofundar.
Nossas crianças estão sendo criadas em uma era moderna cheia de prós e contras. Nunca, talvez, arrisco-me a dizer, teve-se tanto e faltou-lhes o primordial.
Não sou eu adepta a muitas questões conservadoras, ainda quando assim fui definida (estou largando), mas, sejamos francos: São raras, e digo isso por que nunca ouvi nenhum relato nesse aspecto, as pessoas mais idosas, que reclamam do modo como foram educadas ou que punham a culpa nos pais pelo insucesso.
_Mamãe sempre nos ensinou a dividir. E para além das dificuldades, ela nunca deixava que faltasse nada. E ainda assim, sempre andávamos bem vestidos, ela mesma fazía nossas roupas. _Falas de gratidão e reconhecimento vindas de uma pessoa que, embora tenha vivido uma época de grandes dificuldades, tornou esse apenas um acessório em seu discurso extremamente focado em demonstrar em palavras o quanto sua mãe a amou.
Sei que os tempos são outros, sei que as coisas vão além do que aparentam serem.
Eu sei que existe uma raíz para todo problema, e é por isso que digo que jovens não se marginalizam propriamente pela falta de um tênis de marca, como muitos afirmam. E que muitos fogem de casa não é por que são rebeldes.
É preciso olhar para além, através do espelho que retrata, sem muitas minúcias numa primeira vista.
É preciso notar e compreender que há a falta, mas que ela está nas pequenas coisas, e não em tudo aquilo que culpabilizam pelo que os jovens estão se tornando.

#UmaHeliofóbica

2 comentários:

  1. Gostei da digressão que fez, de um assunto raso à um extremamente profundo. Bem, vamos ao que interessa (o discurso). O que de fato quero dizer é: os bens materiais influenciam na criminalidade, sim. Veja: é muito mais fácil convencer um garoto pobre a entrar para criminalidade, do que um rico. O argumento é simples, o jovem rico só tem uma coisas internas a ganhar com isso, coisas que pode ganhar de outras formas; o jovem pobre, contudo, tem isso, muitas vezes, como única opção ao seu alcance, e tratando o fato de que culturalmente o brasileiro investe no mais fácil, independente de classe, só reforço o argumento. Continuando a falar do jovem de classe baixa, irei iluminar minha retórica, coloquemos um exemplo à prova: se temos um jovem de periferia, que não pôde estudar como deveria (por N fatores culturais e sociais, os quais posso argumentar se quiseres), desempregado, ouve um passarinho do crime sussurrar em seu ouvido "tá vendo aquela moto ali, parceiro? Ela é minha. Legal né? Quer ter uma moto? Leva isso aqui para mim lá no morro, eu te pago uma grana aí. Não dá nada, relaxa." É claro, primeiramente, temos muito mais pobres do que ricos, então leve em conta a probabilidade, é muito mais fácil um entre dez garotos pobres aceitar, do que um entre dois ricos. E a proporção seria, na verdade, X para mais 100 contra Y para mais de 3 (dados baseados na comparação de jovens de classes mais altas e mais baixas, proporcionalmente). Mas, não obstante, me pego pensando o quanto isso é verdadeiro, o quanto minha opinião formada em política social está correto. Quando percebo, de fato noto não ter 100% de razão. Afinal, sou um jovem de subúrbio, que contra todas minhas previsões, me tornei um indivíduo limpo e, considerando todo cenário familiar e educacional da minha vida, deveras estudioso e crítico. Com isso em mento, salvo o melhor juízo: o fato é que não posso simplesmente levar um lado em conta, devo analisar, com o mesmo critério, todos os fatores. Assim, chego a conclusão de que não apenas por motivos materialistas, como igualmente familiares, educacionais, pessoais e sociais (de todo meio, abrangido a ideia), influenciam neste caso. Sintetizando tudo isso, afirmo, com plena certeza, que não adiantaria achar um caminho certo para cada jovem, cada família, isso depende do meio e condições, além cruzadores no caminho de cada jovem; ou seja: milhões de fatores podem mudar isso, o que eu sei é que o jovem não segue caminhos por nada, sempre há um motivo.


    ***

    (adendo de fã do seu job: quando escreverá sobre suicídio, meu anjo? Acho que gostaria muito de ver sua perspectiva sobre o assunto.)
    Ademais, obrigado pelo belíssimo texto, continue escrevendo, está cada dia melhor. E está me devendo a foto dos ursos, viu?

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    1. Olá caro assíduo leitor,
      Concordo com sua perspectiva. Talvez, a forma como transpassei minha posição não tenha ficado suficientemente clara ou talvez por demais restrita.

      Sim, há mais possibilidades de um pobre entrar para o banditismo que um rico. Porém, imagino eu que o fator família é um ponto essencial para o que a criança ou jovem irá se tornar.
      Não quero com isso, dizer que a família é o todo responsável pelo futuro do indivíduo, mas a forma como ela educa a criança e o adolescente é um elemento norteador para o futuro do mesmo.
      Claro que muitas vezes há quem seja agraciado com um excelente e agregador parentesco, todavia, ainda assim entra para o crime ou quaisquer outras coisas que a sociedade condena.
      Bem como jovens de famílias ricas, que por aparente "nenhuma razão" se envolvem com coisas tidas como erradas nos parece injustificável.
      O que quero dizer é que há Ns possibilidades e Ns motivos
      Mas, concluo a corroborar meu pensamento: Vejo a família como o meio essencial e primordial para o que o indivíduo irá se tornar.
      Não como o todo, mas como aquele que, com dedicação e muito amor, pode reduzir as chances de um jovem: pobre ou rico se envolver com coisas dúbias.

      Muito obrigada :)
      Tem-me faltado inspiração, por isso a escassez de textos.
      Quanto à sugestão de tema..sabe que em minha profissão há um código ou algo do gênero para não divulgar notícias acerca de tal...se bem que não diz nada sobre não discorrer sobre isso. Ao menos não que eu saiba..
      É aguardar..
      Os ursos?! kkkk
      eles darão um oi qualquer dia
      abs, Uma Heliofóbica

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