sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

porque tudo tem um por quê

O começo do ano passado (que parece ter sido ontem) foi um dos piores para mim, nunca me senti tão perdida, sem rumo, sem mais perspectivas.
Pode parecer bobagem assim falar, levando em conta o fato de eu ser nova, mas juntando minha reprovação no vestibular + falta de dinheiro para faculdade + minha mãe ter esquecido de pagar a inscrição do enem para mim foi o fim do mundo.
Passei meses de minha vida no ócio, questionando o porquê de minha existência e me lamentando. Até então com plena razão.
Por mais que eu seja (meio) preguiçosa não gosto de ver minha vida passar sem eu poder fazer nada e me sentir uma completa inútil sem sonhos.Sim, por meses meus pensamentos mudaram,  perdi o gosto para as coisas e minha expectativa  de sair da casa de minha mãe aos 25 pulou para 30.



Faculdade pra quê? _Era o que eu dizia quando minha mãe falava que eu faria o enem de novo e se não conseguisse ela daria um jeito de pagar.
Eu estava lá, não queria saber de faculdade e me contentava facilmente com um salário mínimo, é triste.
Minha mãe me matriculou em dois cursos rápidos de informática e RH. Por mais que os mesmos não significassem nada para mim naquele momento eu ao menos mantinha ocupadas minhas tardes monótonas. Ainda estava a procura do tão pedido emprego que custava a chegar,só falsas expectativas.
O tempo passou,eu me recusava a cruzar com pessoas que estudaram na mesma escola que eu porque a impressão que dava é que todas estavam felizes demais, realizadas fazendo faculdade no curso que tanto queriam e eu aqui,sem nada!!! Sem definitivamente nada!!!
Não sabia ao certo a necessidade de ter um ensino superior depois de certo tempo e o curso que até então fora o único que eu tinha me identificado...bem,não tinha vontade de pesquisar sobre,não sabia nem o porque de tal escolha, nem se queria de fato isso para mim.
O que eu queria? Nutrição (para os curiosos)
Hoje nem me imagino mais fazendo isso. Quero dizer, por mais que pareça tempo suficiente não acho que seja totalmente fácil para jovens em plenos hormônios (detesto tal palavra, mas ok!) fazer decisões como essa, que decidirão seu futuro, com o que vai trabalhar, o que irá te sustentar. Se você  quer fazer tal curso aqui ou no exterior, se prefere exatas ou humanas. Não pode ser as duas? Tenho que otar por uma só? _Isso não é justo, alguns pensam. _Bom para eles, enquanto outros não sabe ao menos o que gosta de fazer nem tem uma predileta.



Entrei num curso técnico e isso para mim era um "nada" também, eu nem mesmo quero ser secretária. Ao menos se nada desse certo para mim eu já tinha algo em meu currículo além de: " Parou no ensino médio!" e a certeza de que aquela vaga em empregos menos estimados não seria minha.
E outra, agora quando me perguntassem o que estava fazendo da vida teria uma resposta para dar.
Do meio para o final do ano as coisas passaram a fazer sentido. Vejo que se eu conseguisse o emprego antes de terminar o ensino médio talvez tivesse me dedicado ainda menos. Se não fossem esses cursos eu não teria aprendido tantas coisas nem me saído tão bem na entrevista de emprego. Se não fossem os cursos eu não voltaria a estudar nem saberia que podia me dedicar tanto.
Se eu tivesse passado na faculdade eu não teria conhecido pessoas novas, professoras excelentes e talvez nem soubesse se queria nutrição realmente... Talvez eu vivesse o resto da vida achando que isso me satisfaz ou perderia grande tempo da mesma até descobrir que não era o que eu queria, daí eu me perderia e choraria, para variar... Se eu tivesse passado na faculdade talvez nunca descobriria que amo escrever, pois não teriam pessoas me forçando a fazer com constância exigindo de mim o melhor, não descobriria que tenho tanta facilidade só bastando treinar, nem imaginaria que era isso que eu queria fazer pelo resto da vida.



Eu provavelmente nunca descobriria, porque não teria quem aguçasse tanto a vontade de escrever... Eu jamais escolheria jornalismo, porque nunca pensei na hipótese e acabaria com um salário mínimo e triste arrependida por não ter crescido na vida, fracassado todas as expectativas que planejo desde minha infância. Não teria o blog, não teria vocês nem teria perdido parte de minha timidez com tantas apresentações de trabalhos temidas por mim... Provavelmente não seria uma figura pública um dia também (não que eu já seja). Hoje as coisas mudaram bastante, a começar de que eu jamais me vi estudando para o enem e no momento é o que tenho feito pelo menos em 90% de meu dia, os trabalhos futuros na mesma não serão assim tão temidos, nem as apresentações... Agora posso dizer que tudo faz sentido, da um alívio quando as coisas se encaixam. Eu já sabia que tudo tem um porque, mas pela 1° vez algo foi capaz de me surpreender tanto dessa forma.

#UmaHeliofóbica

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