domingo, 26 de abril de 2015

Porque educar é tão difícil???

Há alguns anos, na época de vovó, educar era uma coisa menos complicada ou assim me parece, pelos casos que as mesmas me relataram. Quero dizer, ou obedeciam ou apanhavam, esse era o lema. E sorrindo as crianças faziam o que lhes era mandado. Aliás, não necessariamente, no entanto não faziam birra ou questionamentos.
Educar tem se tornado, na atualidade, uma das questões mais complexas e necessitadas, a começar dos padrões, costumes e ideais que se modificaram muito. Existem os arcaicos, que educam da maneira que nossas avós faziam e quero desde já deixar "às claras" que: "Por mais que me encante e deixe-me completamente admirada a facilidade com que elas, nossas avós, tinham em fazer com que os meninos permanecessem "na linha", não crescessem com traumas devido às surras e ainda serem pessoas muito bem educadas eu ainda assim não sou 100% a favor de alguns métodos e conceitos que muitas tinham no processo de educar".
Julgo-me num meio termo, entre uma ditadura militar e um liberalismo, se é que se faz certa tal analogia, muito embora ache que tenda mais para o arcaico por exigir respeito mesmo que para isso tenha de ser odiada por muitos.


Há duas questões que pude observar em gerações passadas e que sem duvida não penso em aplicar caso futuramente decida expandir minha geração.

1° Uso da violência para impôr respeito: Obviamente sei que há enorme diferença entre bater e espancar, no entanto o uso da agressão física não se faz para mim um atributo plausível. É comprovado que um diálogo faz muito mais efeito e que agredir gera mais raiva que resultado. Possa ser que esteja eu equivocada, mas muitas crianças são o que são hoje e serão o que serão futuramente devido muitas falhas no processo de educar. Há controvérsias, talvez, assim como as pessoas parecem cada vez menos preparadas para atuar como tais, e isso incluo na família principalmente, já que é do ambiente familiar que começa o processo de educação. Enquanto não me persuadam do contrário comprovando que estou sendo infeliz em minhas afirmações demasiadamente convictas continuarei com tal pensamento.

2° Práticas Machistas: Essa história de que mulher tem que cuidar da casa e saber cozinhar vem dos primórdios e há quem tente, em pleno século XXI, continuar a aplicar e disseminar essa prática na criação de seus filhos.
Recentemente fiz uma amizade em meu condomínio e pude ter a satisfação de conhecer a mãe de meu novo amigo. O que mais me causou admiração por ela é a maneira de educar que a mesma utiliza e o fato de não ser mais uma das que colaboram com a ideia de que homem não tem de fazer nada que não sujar. "Sim, ele lava os dois banheiros e a ajuda no que ela pede, gostando ou não" Desta forma está se criando um homem melhor para o mundo. 

Ahh Adriann, então você é uma feminista?
De maneira nenhuma querido leitor, também detesto essas práticas que fazem das pessoas moralistas e quem sou eu para implantar a moral?
Posso vir a ter algumas semelhanças no pensamento, no entanto só estou a defender o que julgo justo e correto.
Numa sociedade contemporânea, que se julga tão evoluída e atual, porque continuar com esses pensamentos pequenos e restritos de que mulher tem de saber fazer isso, ser aquilo e agir de tal forma?
Uma frase que eu odeio lembrar, mas que não sai de minha memória é quando minha avó disse certa vez "Você tem que saber cuidar da casa se não homem nenhum vai querer casar com você".
Não vou dizer que calei-me quanto a isso, mas não recordo o que eu disse. Relevo devido a criação que ela teve e o modo de pensar como foi criada toda a vida, mas eu acho inaceitável essas ideias perdurarem e digo mais, depois de tantas lutas e vitórias que nós mulheres já conseguimos obter não é válido permanecer pensando assim. Somos hoje tão independentes que a coisa que menos quero é ter a ideia de que vou casar para ser escrava de homem. 
Ta soando feminista? Pois deixe que soe  e deixe que pensem que sou, há coisas que me indignam e essa é uma delas. Não gosto da ideia de estar dando lição de moral, mas também não concordo com isso.
Aqui em casa vejo-me por vezes como mãe de meus irmãos e percebo que não estou nem um pouco apta a ser.  Pois é educar é demasiado repetitivo e cansativo.
A questão é repetição, o que exige tempo e paciência, duas coisas que me faltam. Embora meu irmão mais novo queira muitas vezes implantar pensamentos machistas aqui eu "tiro seu cavalinho da chuva" rapidinho da forma mais doce e delicada que só eu possuo, kkkk. Sim, usei uma figura de linguagem.


Chegamos, talvez, ao X da questão.
Educar transpassa atitudes que são julgadas como tal.
Pôr em escola cara não é educar. Dizer que vai dar presente caso passe de ano não é educar. Prometer recompensa em caso de bom comportamento não é educar.
O Brasil carece de educação. A começar das pessoas, que muitas vezes não foram bem educadas e "proliferam" filhos e os deixam largados no mundo.
Já dizia minha avó em uma recente conversa: "Educar é repetição" e isso faz todo o sentido para mim. Completo apenas com: "Filho é para quem gosta e não para quem quer".
 O governo acha que está melhorando a questão educacional quando investe em formas mais acessíveis da população ingressar em faculdades e fazer cursos, mas talvez isso seja apenas "Maquiar" uma questão que passa longe de estar estabilizada.
Quem em pleno século XXI pensa que tal prática é feita por preocupação e não por competição com os outros países? 
E como pode chamar de educar se o que fazem é apenas moldar para o mercado de trabalho pessoas que já foram educadas? (bem ou mal, mas foram).
O processo de educação é lento e gradativo, e começa do lar. O papel do governo é investir em creches, escolas de ensino infantil e fundamental, qualidade no local de aprendizado e nos professores, desta forma pode-se dizer que está definitivamente investindo em educar e formar um bom cidadão, que por consequência terá valores morais bons o suficiente para saber o caminho certo a seguir, terá a vontade de estudar e prosperar na vida.
Porque os índices de repetência no ensino médio são exorbitantes? Pois falta o essencial que é um bom ensino infantil e fundamental. Faltou despertar e instigar, na infância, o interesse da criança.
Porque os índices de violência estão cada vez mais elevados? Pois é uma consequência da má educação.

Para os pais:
Educar não é gerar, não é pôr no mundo, não é comprar com brinquedos para suprir a carência de atenção. Educar é dialogar, exigir respeito sem que para isso tenha de presentear ou bater, educar é repetir quantas vezes forem precisas até que a criança compreenda o que é correto.
Cara, é obrigação da criança obedecer e ela tem que entender isso, pois não tem autonomia e autoridade sobre si.
Pais que não se importam, que cansaram, que desistiram, que apanham dos filhos, que gritam desesperados, que perderam o controle da situação... O que é isso? [...]

Para o estado/governo:
O mercado de trabalho é, por mim, considerada a etapa final do processo de educação. Onde o cidadão deve estar apto e moldado para o novo ambiente de convívio. Não ache que engana a todos com esse índice de melhora na educação, quando muitos sabem que faltam vagas em escolas e creches, falta qualidade de ensino, qualidade no ambiente, professores que amem o que fazem e que sejam bem ressarcidos por isso. Falta muito e não é começando pelo fim, por talvez ser assim mais fácil, que a questão será solucionada, ao contrário, as consequências da falta são tidas todos os dias. [...]

Falar sobre o tema envolve muitas questões e é por isso que o texto ficou um tanto extenso, pois não dá para falar sobre educação em duas linhas, assim como é errôneo dizer que explanei tudo sobre o tema. Falei o básico, o que penso e o que vejo acontecer.
Nosso país precisa de melhora por todos os lados. Chega de idealizar ou deixar nos papéis, vamos pôr em prática. Educação vem de casa, mas não se limita a tal ambiente, até porque não vivemos presos a ela.
Educar não é a tarefa mais simples, entretanto, sem dúvida é essencial a vida em sociedade. Que mudem os tempos e os padrões, visto que o mundo está em constante mudança, mas que não deixemos que mude a essência e o real conceito do que realmente é educar.


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