O dia em que fui assaltada

Como havia dito,tinha um material pronto e sema mais delongas está aqui,espero que vocês gostem ^^
Durante 17 anos caminhei inocente e ingenuamente pelas ruas,achando que estava segura.
Durante 17 anos agradeci a Deus por ouvir minhas preces e por colocar ao meu lado pessoas para que me protegesse.
Essa noite tive um sonho que não me intrigou o bastante para me fazer refletir como normalmente faço,aliás,já tive sonhos como esse outras vezes.
Nas últimas semanas ouvi conversas a respeito de o mundo não ser mais seguro onde quer que estejamos.Apesar de estar sempre protegida,por cuja divindade denomino Deus,eu sempre fui uma menina cuidadosa.Como minha intuição é forte! _Eu já sabia,mas dessa vez ela não conseguiu me intrigar.Agora faz sentido tudo que a mesma estava tentando me mostrar.É de suspeitar de todos os sinais que vinha tendo e agora vejo o quão fui tola.
Daí você muda para um bairro considerado perigoso e você percebe que o perigo não está apenas nele,mas ao seu redor onde quer que vá.Daí você tem o conhecimento de pelo menos 3 assaltos numa só semana e então num mesmo dia e em conversas com pessoas diferentes o assunto é o mesmo,o perigo nas ruas.E então na mesma noite você sonha com um assalto,só que desta vez não é a vítima,mas isso era um alerta.
No dia seguinte depois de 1 ano resolvi rever um amigo,mas as coisas conspiraram contra minha ida até ele.O celular do mesmo cai direto em caixa postal,as internet não funcionava e o único amigo em comum por sua vez também não tinha o número do garoto.Desespero-me,o que farei se já está tudo marcado? E se ele ficar lá me esperando?
Ele retornou a ligação e eu ainda assim não estava tão certa de que iria,mas por fim a resposta foi um sim.
A primeira e última vez que vou em tal bairro.
Perto do meu ponto mandei uma mensagem avisando que estava chegando e assim que desci do ônibus terminava de enviar.O sol estava escaldante,era cerca de 14:30 então resolvi atravessar e espera-lo na sombra.
Na ciclovia,a mesma do sonho,eu esperei o último carro passar até que fui surpreendida.Não eram 1 nem 2,mas sim 3 marginais.
-Passe o celular,isso é um assalto! _Eu achei que nunca passaria por isso um dia
Ele viu que não teria no mesmo instante em que pediu então começou a puxar,estavam todos de bicicleta e querendo um jogo rápido,mas não comigo
-Me dê meu celular _Eu reagia puxando o mesmo das mãos do marginal
Tive mais força que imaginei,mas foi insuficiente e agora eu me arrependo por não ter prosseguido com minhas aulas de Muay Thai.
O celular caiu no chão e os dois parceiros dele ficaram parados a todo instante,um deles pareceu preocupado já que que não me rendia e então pediu para que me deixasse e fossem embora.No mesmo instante o marginal falou para mim com a maior cara de pau:
-Você quer me roubar é? _Pegou o celular do chão enquanto eu dei uma bolsada nele e então sem mais nada a fazer foram embora com suas bicicletas provavelmente também roubadas.
A minha reação foi inesperada tanto para mim quanto para ele,fui mais forte do que achei que seria.
Os gritos de socorro durante a ação não foram atendidos e eu não sei se reagiria da mesma forma se eles estivessem armados ou dispostos a fazerem algo pior comigo.Minha bolsa nova ficou e eu também,só tenho a agradecer a Deus.
Sem mais o que fazer,desta vez eu,atravessei a rua e sentei-me na calçada,desesperada chorava,mas no rosto não caía uma lágrima.
Algumas pessoas presenciaram de longe o acontecimento,ficaram chocadas e do nada um garoto apareceu me oferecendo ajuda para prestar queixa numa delegacia próxima.
O caminho era interminável e eu chorava sem parar,dessa vez as lágrimas eram muitas.
-Calma coisinha _Ele falava a todo instante
-Quero meu celular de volta_Falava aos prantos
-Você vai ter
-Não vou,eu sei que não _Dizia desacreditada na justiça e segurança que tanto pedimos
-Sua mãe compra outro
-Eu não quero outro,eu quero o meu _Gritava desesperada
-Calma,você vai ter _Falava tentando me acalmar
Os passos eram ligeiros e eu não parava de falar e chorar em nenhum instante.Já quando estavamos próximos a delegacia,cuja esqueci o nome,meu colega chegou desesperado,já sabia do ocorrido.
Todos estavam indignados,inclusive uma moça que passava por nós nesse momento,mas eu estava desesperada e sabia que isso não daria em nada.Do mesmo modo prossegui até o destino e quando nele chegamos simplesmente com a maior cara de paisagem os dois rapazes que lá estavam disseram que não prestam ocorrência aos sábados.
Indignados,voltamos sem mais uma palavra.
Não é um celular apenas,nem o melhor celular do mundo,mas era meu celular e eu tenho enorme cuidado e apego a tudo que me pertence.E tinha o maior orgulho de dizer que fui poupada durante esses 17 anos.
Espero não passar por isso novamente,mas ninguém garante nada,ainda mais num país onde ninguém está seguro,onde não há justiça e os profissionais que deveriam servir a ela e a segurança?Eles simplesmente não cumprem com tais tarefas.
-Não reaja,é doida? _Foi a reação da minha mãe
Talvez se eu tivesse ouvido a minha intuição isso não teria acontecido,não hoje,nem todas as vezes em que ela me preveniu e me poupou durante esses 17 anos.Mas ninguém garante que um dia não chegaria a minha vez já que a violência vem se alastrando cada vez mais e o perigo nas ruas é o assunto mais comentado.Agora mais do que nunca onde quer que estejamos a violência nos persegue e ninguém está seguro!
26/07/14
O dia em que fui assaltada

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                        

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